Cegueira
A cegueira é a falta do sentido da visão. A cegueira pode ser total ou parcial; existem vários tipos de cegueira dependendo do grau e tipo de perda de visão, como a visão reduzida, a cegueira parcial (de um olho) ou o daltonismo.
Tipos de cegueira
A cegueira classifica-se dependendo de onde se tenha produzido o dano que impede a visão. Este pode ser:
1.Nas estrutura transparentes do olho, como as cataratas e a opacidade da córnea.
2.Na retina, como a degeneração macular e a retinose pigmentária.
3.No nervo óptico, como o glaucoma ou os diabetes.
4.No cérebro.
A cegueira pode ser congênita ou adquirida. O dano que impede a visão pode ser causado no nascimento, em algum evento ao longo da vida do indivíduo ou ainda no útero materno.
Definição
Deficiência visual é uma categoria que inclui pessoas cegas e pessoas com visão reduzida. Na definição pedagógica, a pessoa é cega, mesmo possuindo visão subnormal, quando necessita da instrução em braile; a pessoa com visão subnormal pode ler tipos impressos ampliados ou com auxílio de potentes recursos ópticos (Instituto Benjamin Constant, 2002)
A definição clínica afirma como cego o indivíduo que apresenta acuidade visual menor que 0,1 com a melhor correção ou campo visual abaixo de 20 graus; como visão reduzida quem possui acuidade visual de 6/60 e 18/60 (escala métrica) e/ou um campo visual entre 20 e 50 graus, e sua visão não pode ser corrigida por tratamento clínico ou cirúrgico nem com óculos convencionais (Carvalho, M.L.B. - Visão subnormal: orientações ao professor do ensino regular, 1994)
A inclusão de pessoas com deficiência visual
Para que possamos entender as ferramentas que estão sendo criadas para a inclusão de
pessoas com deficiência visual, é importante termos claro o que significa deficiência visual.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), a deficiência visual pode
manifestar-se de duas distintas maneiras:
• cegueira: perda da visão, em ambos os olhos, de menos de 0,1 no melhor olho após correção, ou
um campo visual não excedente a 20 graus, no maior meridiano do melhor olho, mesmo com o uso
de lentes de correção. Sob o enfoque educacional, a cegueira representa a perda total ou o resíduo
mínimo da visão que leva o indivíduo a necessitar do método braile como meio de leitura e escrita,
além de outros recursos didáticos e equipamentos especiais para a sua educação;
• visão reduzida: acuidade visual dentre 6/20 e 6/60, no melhor olho, após correção máxima. Sob o
enfoque educacional, trata-se de resíduo visual que permite ao educando ler impressos a tinta,
desde que se empreguem recursos didáticos e equipamentos especiais.
Ao termos estes conceitos em conta, vejamos algo sobre os meios que estão sendo
usados para permitir o acesso de estudantes com deficiência visual aos meios acadêmicos.
A escrita braile e as audiotecas locais
A ferramenta de educação de cegos mais conhecida é a escrita braile.
A escrita braile foi criada na França, por Louis Braille, no século XIX, e, ainda que
poucos o saibam, o Brasil foi um dos primeiros países a adotar o sistema, impulsionado pelo médico francês a serviço da corte brasileira, Dr. Xavier Sigaud, que, com o apoio de D. Pedro II, foi um dos fundadores e o primeiro presidente do Imperial Instituto dos Meninos Cegos, inaugurado no Rio de Janeiro em 17 de setembro de 1854, e que viria, mais tarde, a tornar-se o Instituto Benjamin Constant, referência nacional para a inclusão de pessoas com deficiência visual.
Atualmente, o Instituto Benjamin Constant é o principal editor de obras em braile em
nosso país. Apesar de ser uma ferramenta poderosa de inclusão, ela apresenta uma série de aspectos limitadores. Entre as maiores dificuldades está o fato de que as obras assim impressas são muito caras, pesadas e difíceis de manusear, além de estarem disponíveis em relativamente poucas cidades do Brasil. Outro fator limitador, é que necessita de pessoal especializado para seu ensino e nem todos os cegos sabem ler em braile. Uma forma alternativa de acesso à informação para cegos são as audiotecas locais. Uma audioteca é um espaço estruturado à semelhança de uma biblioteca que conta com fitas K7 ou CDs, gravados por voluntários, contendo leituras de obras literárias ou técnicas que tendem a auxiliar o processo inclusivo de pessoas com deficiência visual. Com relação a estas audiotecas, encontramos mais uma vez o problema da localização. Apesar do custo incomparavelmente mais baixo com relação à elaboração e manutenção das obras em braile, as audiotecas locais também atendem a um público reduzido e localizado já que as pessoas que delas necessitam têm que se deslocar até o local para efetuar o empréstimo da obra desejada, o que causa uma série de contratempos e, muitas vezes, impossibilidades.
Meios digitais de inclusão
Com o advento da era da informação e os modernos meios digitais, abrem-se novas
possibilidades para a inclusão de pessoas com deficiência visual. Os avanços da informática têm permitido um sem-número de realizações nesta área. Através de leitores de tela com sintetizador de voz e os recursos que a internet apresenta,
muitas pessoas com deficiência visual hoje têm acesso a novas maneiras de dar
prosseguimento a seus estudos.
Há, todavia, aqueles que discordam da eficácia da internet como ferramenta, argumentando que a informática e a internet ainda estão engatinhando em nosso país, e que os meios de acesso a estas tecnologias ainda são escassos, devido à extrema pobreza de boa parte da população. Se em parte este protesto tem fundamento, não podemos negar, entretanto, que estão ocorrendo vários progressos nesta área e o Brasil é um dos mercados de internet que mais cresce atualmente, em número de usuários e de recursos: A Internet é uma das novas tecnologias que vem crescendo e se tornando uma importante fonte de informação, notícia, comércio, serviços, lazer e educação, além de proporcionar novas formas de interação através de suas ferramentas de comunicação. Segundo Santarosa (2000), com a Internet ampliam-se, também, as possibilidades de educação a distância, não somente pelo acesso ao saber e à informação, mas, principalmente, porque potencializa a criação de alternativas metodológicas de intervenção pedagógica, abrindo-se um espaço de oportunidades, essencialmente para as pessoas cujos padrões de aprendizagem não seguem os quadros típicos de desenvolvimento. Para utilizar o computador, os usuários com história de deficiência geralmente utilizam ferramentas e softwares específicos, ferramentas que são conhecidas como tecnologias assistivas. Os usuários com baixa visão podem utilizar softwares ampliadores de tela, como o Magic da Freedom Scientific e o LentePro do NCE/UFRJ (Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro). Os usuários cegos freqüentemente usam softwares chamados leitores de tela, como o Jaws da Freedom Scientific e o Virtual Vision da MicroPower, entre outros. Esses softwares lêem em voz alta os conteúdos que estão na tela do computador, permitindo que as pessoas cegas ouçam os conteúdos de uma página web. Entretanto, um leitor de tela não lê as imagens e as animações, mas somente o texto. Assim, é necessário que estes elementos gráficos sejam associados a descrições textuais que o software possa ler, sendo esse um exemplo de adaptação a ser feita para garantir a acessibilidade. (Delpizzo, Ghisi, Silva, 2005, p.6)
Como vimos, então, a cada dia surgem novas tecnologias para a inclusão de pessoas
com deficiência visual e muitas destas iniciativas estão surgindo aqui mesmo, no Brasil. Não obstante, importa saber que algumas normas devem ser observadas para que se garanta o processo inclusivo, já que não se pode utilizar o meio digital sem critérios, o que não colaboraria em nada para os processos inclusivos. Algumas destas normas são:
• Opções para ampliação da imagem e modificação dos efeitos de contraste na tela. Isso pode ser obtido, por exemplo, com o uso de software que faça a ampliação e também com navegadores de uso geral que permitam a modificação no tamanho das fontes usadas no texto.
• Independência do uso do mouse como apontador, com um uso maior do teclado. Isso exige que a estrutura dos documentos seja analisada, sob o aspecto de como ocorre a seqüência de navegação pela mesma, quando se utilizam apenas os recursos do teclado.
• Uso de software para leitura de tela, ao qual está associado sintetizador de voz. Quanto aos documentos a serem consultados, utilizando-se sistemas de leitura de tela, é importante que seja verificada a estrutura dos documentos, sob o aspecto do agrupamento das informações e também sob a compreensão do significado dos elos, ou seja, o resultado que será obtido quando se escolha um caminho na navegação dentro dos hipertextos.
• Opção para o acesso sonoro à informação, seja ela texto, via arquivo em formato compatível com o sistema de leitura de tela em uso, ou imagem, por meio da utilização da transcrição das partes visuais dos documentos (fotos, desenhos, mapas etc.), em equivalentes textuais.
• Opções para o acesso à informação em Braille, seja na forma de texto impresso, seja por intermédio do periférico linha Braille. (Alves, Mazzoni e Torres, 2002, p.89)A fim de regulamentar estas normas e preservar a boa qualidade dos serviços
prestados a deficientes visuais na rede mundial, uma iniciativa muito oportuna surgida em terras brasileiras é o sítio Acessibilidade Brasil. Este sítio foi instituído por uma sociedade civil de interesse público e coloca à disposição o serviço “da Silva”, um software que analisa, on-line, quaisquer outros sítios da internet que se tenha interesse, apontando falhas de acessibilidade e indicando correções possíveis a fim de tornar a página melhor adaptada às necessidades dos deficientes visuais. Percebe-se, portanto, que o Brasil avança rapidamente no que diz respeito à inclusão digital de pessoas cegas.
Processo inclusivo nas universidades em geral
Atualmente, muitas universidades estão apercebendo-se da necessidade de priorizar
sistemas de inclusão em seus programas de ensino, seja por meio de modificações em suas instalações, seja por meio da elaboração de sistemas informatizados de acesso à educação visando à inclusão das pessoas com deficiência visual.
A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por exemplo,, conta com algumas iniciativas de inclusão, como o CADV (Centro de Apoio ao Deficiente Visual), que possui fitas gravadas com textos e computadores com DOSVOX. Também essa universidade busca favorecer o ingresso de pessoas com deficiência visual através do vestibular em braile, implantado em 1996. Ainda assim, segundo estudos realizados na própria universidade, depois que o deficiente ingressa em seu curso os recursos institucionais que garantem sua
permanência são poucos e as dificuldades, muitas. A Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, a seu turno, oferece um Curso de Pedagogia a Distância em que estão matriculados 31 alunos cegos ou com baixa visão. No curso, utilizam-se tecnologias de educação a distância cuja finalidade é viabilizar novas formas de ensino-aprendizagem. Utilizam-se computadores com sintetizador de voz ou ampliador de tela, materiais didático-pedagógicos em braile, ampliados e gravados em fita
cassete e CD, ambientes de aprendizagem virtual, entre outros. Ainda assim, iniciativas deste gênero são poucas.
Conclusões e perspectivas
Não é possível negar que existem muitas dificuldades para se elaborar sistemas que
possibilitem a inclusão de cegos. São barreiras que vão desde os altos custos até a falta de pessoal especializado na matéria.
De todas as formas, também é inegável que avanços estão ocorrendo com uma velocidade bastante apreciável. Melhor ainda: muitos destes avanços têm origem nos esforços realizados por pesquisadores brasileiros.
O mais importante de tudo, entretanto, é dar prosseguimento à divulgação destas idéias. Com isto, cria-se a possibilidade de que cada vez mais pessoas e instituições tomem consciência desta realidade e dos novos caminhos que surgem, a fim de que possamos ter uma educação cada vez mais inclusiva, abrindo as portas do mundo para pessoas com diversos tipos e graus de dificuldades e de habilidades.
Site interessante sobre cegueira.
ResponderExcluirhttp://intervox.nce.ufrj.br/~fabiano/